Ex e atual reitor são alvos da PF por desvio de R$ 100 milhões de licitações na UERR
08/04/2025
(Foto: Reprodução) Ex-reitor Regys Freitas ocupava a função de Controlador-geral do estado, cargo do alto escalão do governo, mas foi exonerado após a operação. Justiça bloqueou mais de R$ 100 milhões dos investigados no esquema. Atual reitor da UERR, Cláudio Delicato, e o ex-reitor, Regys Freitas
Reprodução/UERR
O ex reitor da Universidade Estadual de Roraima (UERR) Regys Freitas e o atual, Claudio Travassos, foram alvos de operação da Polícia Federal por suspeita de integrarem um esquema que desviou mais de R$ 100 milhões em licitação na UERR. À época do esquema, Regys foi reitor e Claudio era vice. A operação, deflagrada nesta terça-feira (8), cumpre mandados de buscas e apreensão e bloqueou R$ 108 milhões em bens dos investigados.
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Além dos dois, outras oito servidores do setor de engenharia da UERR (engenheiros e arquitetos) foram alvos. Regys ocupava a função de controlador-geral de Roraima, mas foi exonerado após ser alvo da operação (leia mais abaixo).
Regys é suspeito de superfaturar serviços e direcionar licitações da universidade para uma empresa de engenharia. O ex-reitor é investigado por desvios de dinheiro público, lavagem de capitais e organização criminosa.
Todos os investigados são suspeitos de desviarem dinheiro por meio de licitação da UERR. Uma empresa de engenharia ganhava a licitação, a partir daí e se iniciava o esquema.
Ex-reitor é alvo da PF por desvio de R$ 100 milhões de licitações na UERR
O g1 tenta contato com a defesa de Regys e com Cláudio. Por meio de nota, a UERR informou que a Polícia Federal esteve no campus do bairro Canarinho, onde ficam os setores administrativos da Universidade, para cumprir uma ordem da Justiça.
Destacou que o mandato foi apenas para a busca e apreensão de documentos, e a UERR entregou tudo o que foi solicitado, colaborando totalmente com a decisão judicial.
O governo de Roraima informou que Regys Freitas foi exonerado do cargo de controlador-geral nesta terça-feira (8). Reforçou ainda que a gestão da UERR é a "principal interessada na elucidação dos fatos e está à disposição para fornecer todas as informações necessárias às autoridades".
Dinheiro apreendido em operação
Reprodução
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Ex-servidores da instituição também são investigados. As equipes cumprem medidas cautelares determinadas pela Justiça Estadual de Roraima, entre elas busca e apreensão, sequestro de bens, apreensão de veículos e de valores, colocação de tornozeleira eletrônica e bloqueio de valores.
Foram apreendidas na casa de Regys joias, dinheiro e relógios de ouro. A PF também apreendeu dinheiro em espécie na casa de outro servidor da UERR. Foram mais de 4 mil euros, 6 mil dólares e mais de R$ 7 mil.
A PF também apreendeu dois carros de luxo, R$ 500 mil em relógios, moto aquática e um avião durante a operação. O material foi encontrado na casa e em uma fazenda Regys. A polícia também apreendeu 150 cabeças de gado, dinheiro bloqueado e armas.
Joias apreendidas pela PF na operação que teve como alvo controlador-geral de Roraima
Reprodução
A operação é um desdobramento de uma ação que apreendeu R$ 3,2 milhões em dinheiro vivo para pagamento de propina na UERR, em agosto de 2023. A quantia foi encontrada em fardos etiquetados com R$ 50 mil.
Os fardos de dinheiro, que estavam escondidos dentro de sacos de lixo, foram encontrados pela PF nos fundos da casa do irmão de um empresário suspeito de participar do esquema, em Boa Vista.
Os sacos com o dinheiro estava atrás de telhas. No local, também foram apreendidos quase 5 mil litros de combustíveis armazenados de forma irregular.
Quem é Regys Freitas
Regys Odlare Lima de Freitas ocupa o alto escalão do governo de Roraima
Reprodução/CGE/Arquivo
Regys Odlare Lima de Freitas, é também advogado e ex-policial civil. Foi reitor da UERR durante oito anos, de 2015 a 2023..
Ele é doutor em direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em direito pelo Centro Universitário Curitiba, advogado e ex-policial civil de Roraima.
Regys ocupava a função de controlador-geral desde 2 de janeiro de 2024. O cargo tem status de secretário de Estado e integra o alto escalão do governo. Ele assumiu no lugar de João Alfredo de Souza Cruz.
Além de ser investigado pela PF, ele também é suspeito de agredir, ameaçar e perseguir a ex-esposa, uma estudante de medicina, após o término do casamento. A Justiça concedeu uma medida protetiva e proibiu ele de se aproximar da vítima.
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Em 2015, assumiu como reitor ainda na gestão da ex-governadora Suely Campos (PP). No ano seguinte, em 2016, ele tomou posse como o primeiro reitor eleito na instituição. Em 2019, foi reeleito ao cargo.
Em 2019, chegou a ser afastado do cargo de reitor pelo governador Antonio Denarium (PP), mas conseguiu na Justiça ordem para voltar à função. Regys, à época, afirmou que Denarium havia se baseado em fake news para decretar seu afastamento e o do seu vice-reitor, Elemar Favreto.
Em 2020, Regys demitiu a professora Ivanise Maria Rizzatti, que foi proibida de participar das bancas de defesa de três pesquisas de conclusão de curso que foram orientadas por ela. Ivanise foi professora efetiva do curso de química por 10 anos, mas foi demitida em 24 setembro.
De acordo com o então reitor, ela foi coordenadora de um projeto financiado pelo Governo Federal em que houve erro em compra de materiais. Ela disse não tinha acesso ao sistema para alterações no plano.
À época, Regys chegou a proibir a entrada e permanência de seis professores concursados na instituição que demonstraram apoio à Ivanise durante um ato dentro da universidade. A Justiça suspendeu a decisão.
O fim da gestão de Regys na UERR foi marcada pela operação Harpia da Polícia Federal e pela eleição do então vice dele como novo reitor da instituição. A investigação ocorreu após a PF ter apreendido R$ 3,2 milhões em dinheiro vivo numa ação que apurava um esquema de pagamento de propina que envolvia a UERR.
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